“Se efeito será tanto normal, saudável e feliz quanto ele conseguir (...) reprimir, deslocar, negar, racionalizar, dramatizar a si mesmo e enganar os outros, chega-se a conclusão de que o sofrimento do neurótico provém (..) da dolorosa verdade. (...) Espiritualmente, o neurótico tem estado, há muito tempo, no lugar em que a Psicanálise tenta colocá-lo, sem conseguir, ou seja, no ponto de entender o logro do mundo dos sentidos, a falsidade da realidade. Ele sofre, não devido a todos os mecanismos patológicos que são psiquicamente necessários à vida e saudáveis, mas à recusa desses mecanismos, que é o que lhe rouba as ilusões importantes para que viva (...) [Ele] está muito mais próximo, psicologicamente, da verdade, do que dos outros, e é justamente por isso que sofre.”
Otto Rank
Rank escreveu sobre a neurose ao longo de toda a sua obra, uma linha ou parágrafo aqui, dois ali. Interessante era quando ele visava escrever sobre a psicose real. Como qualquer outro sofisticado estudante de Psicologia ou mesmo um formando em alto grau sabe que a neurose resume todos os problemas de uma vida humana. Hoje, nós, sabemos que isso faz parte da história. Assim, temos o homem moderno: cada vez mais caindo em divãs de analistas, fazendo peregrinações nas mentes. Pessoas entrando em grupos de apoio psicológico e claro, lotando os leitos de hospitais psiquiátricos.
Logo de imediato, podemos perceber o horizonte imensamente fértil que se abre em todo o nosso pensamento sobre saúde mental e comportamento “normal”. A fim de funcionar “normalmente”, o homem tem que realizar, desde o inicio, uma série de redução do mundo e de si mesmo.
Contudo, no meu próximo artigo [O tipo Neurótico] darei ênfase a essa problema, que diferente de ser apenas um problema sexual é extremante um problema humano, moderno e puramente humano.
- Becker, E. A Negação da Morte. Rio de Janeiro: Ed, Nova Fronteira, 1976.