Donnato diz:
Tirar uma nota vermelha na minha época era algo que eu achava inconcebível, pois eu ficava, impreterivelmente, com vergonha. Minha família muito amorosa, não via problema em tirar nota vermelha. Não aconteceria nada em casa! Mas de alguma maneira, eu sabia que eu não podia fazer aquilo. Pois não julgava certo tirar a tal da nota. E nessa conclusão, constatava que eu deveria estudar. E não tinha nenhuma força extra-sensorial que fizesse eu perceber aquilo, uma repressão, ou mesmo, um tapa na minha cara. Percebia que era apenas um bastão que minha geração repassava para mim com certa facilidade. Eu sabia que precisava estudar e levar este bastão em diante, tipo olimpíadas. Levei a sério e hoje sou professor de Biologia.
Agora, me pergunto se hoje precisa ser tudo entendido, tão conversado, tão, tão, tão... Que vejo muitos dizerem que não dá em nada. E quando o adolescente entender que não dá nada, acho que podemos enterrar as minhocas e guardar o caniço, pois eles não pegam de volta. Agora não dá! É preciso fazer cedo e desde pequeno. Por vários motivos: custa mais barato; não precisa pagar terapia depois, inclusive e, aliás, é mais fácil. É mais fácil tirar o excesso de gesso [que por ventura tem colocado na criança] do que desentortar. Há, lembrando: desentortar é difícil.