Constantinopla

Constantinopla

Recentemente pensei em duas coisas extremamente importantes relacionadas ao meu momento: a primeira é a ideia que tinha fugido de minha mente de que, antigamente, queria ser eu filósofo e não psicólogo. Outra coisa é que atualmente tive muito contato [pesquisando] com a História de Constantinopla, uma cidade do antigo império romano, impérios romanos de governantes soberanos. Mas agora, o leitor deve estar pensando aonde estas idéias se articulam? E mais: é preciso saber de História para entender o próprio momento?

Em curto prazo certamente não, mas em longo prazo é imprescindível compreender de onde as coisas surgiram, o porquê da nebulosa? E a história é uma forte candidata, mesmo nos registros do sagrados da cristandade ou mesmo o que aconteceu em Tóquio [terremoto] advindo de um site. É ela que nos fornece uma noção do tempo profano e do tempo bíblico. Ou mesmo, quando minha professora de História da Psicologia no Brasil disse “que para aprender sobre o homem é bom que vocês tenham bons livros de História”. Ai melhora!

Desde que conheci os eixos históricos da filosofia, sempre tive interesse em estudá-la. Na faculdade percebi que nada seria da Psicologia atual sem os grandes filósofos gregos, ou mesmo, dos pré-socráticos. E também, acho disciplinado quando escuto um psicólogo citando um filósofo [mesmo que seja pra se opor]. A confusão e a angústia - que o viés da realidade proporcionaram a esses caras da Grécia - foi de extrema importância para criações e transformações de grandes pensamentos e ensinamentos da época, e claro, até hoje nas escolas filosóficas. Pulando para a História, que a considero como um elemento importante para compreender o tempo, e, aliás, a peça principal para escolher a psicologia como presente. Acredito que todo psicólogo de formação é suplente de uma filosofia e de uma história incidida. Todo mentor do pensamento, ou mesmo, dos mecanismos científicos da psicologia, exige, mesmo que por alguns minutos, exercícios psíquicos onde entra história, reflexão, e complexidade. Maravilha!

Voltando a minha experiência sobre Constantinopla consegui perceber um recinto especifico na mente, me mostrando que as civilizações da antiguidade sempre foram alvo de soberanos. Soberanos que serviam a título promissor de governarem agremiações, de organizarem direitos e deveres, ou até mesmo, distribuírem terras ou respeitarem impérios, mas, que no por trás de todas as famílias e consciências, sempre ousavam em adquirir o máximo de moedas de pirita, subornavam os Arautos e Assassinos, assassinavam, à lista é imensa.

A prazo, você percebe que o Homem é preso a sua natureza narcísea. Pode nascer no oriente romano, de histórias, culturas, de trajes e armaduras soberanas, poderes e constituições, mas também, pode nascer numa colônia européia, falar mal do presidente de seu país, reclamar da saúde e do transporte, mas sempre, respectivamente, irá lutar por um pedaço de terra com um machado feito por um ferreiro ou terminar na praça de alimentação com o cartão Visa pago. Mais uma vez não escrevo para mudar nada. Essa vontade universal cabe a pastores frutos dos do Criacionismo [que mudam os dígitos de sua conta bancária (pra melhor)].

Assim como a Psicanálise, eu acredito que todos deveriam saber um pouco de História. Saber, de fato, que é mais vantajoso colocar na trincheira alguns pensamentos da história e ir saboreando dele em momentos oportunos.

Aqui vai um exemplo.

Há pouco tempo atrás eu fiz uma entrevista para uma vaga especifica que designava conhecimento em configurações físicas de computadores. Na minha vez da apresentação argumentei que cursava Psicologia como formação. O mais engraçado era a performance da face da selecionadora. Como acho interessante o desenho que a face faz, ela quer, muitas vezes, ir embora enquanto você precisa ficar. Continuando, no término da apresentação dos candidatos, a selecionadora argumentou [com a popular indireta]: “Pessoas? A vaga exige conhecimentos avançados. Não adianta ler História e querer fazer Física e ser professor de Matemática”.

Aí complica. Foi broxante à morte saber que existia uma pessoa na minha frente, com a missão de me enquadrar numa vaga, dizer aqueles equívocos. Faltava a ela, exatamente, saber que alguns dos grandes filósofos, outrora e até hoje, foram grandes matemáticos. Estava claro mais uma vez, que ela era uma cobaia da indústria. Uma pessoa mal informada e confusa [pelo menos naquele momento]. Lidar com pessoas [profissionalmente] exige conhecimento, mesmo aquele de saber ouvir, perguntar e falar só o que sabe.

Portanto, a divulgação desse exemplo [dentre muitos outros] mostra que ela precisava de uma reserva. Algumas boas páginas de livros de bons filósofos. Ou, aliás, mesmo que não fizesse um comentário de algo que não dominasse.

Era bem possível que um biólogo de formação estivesse na sala de entrevista e, além disso, tivesse um pai dono de uma empresa de computadores [era bem possível, o salário da vaga era muito agradável]. O mundo, ou melhor, a cidade de Constantinopla, era muita mais primitiva é verdade. Existia uma diplomacia mais colorida e com contornos mais fortes. Mas também existiam pobres, miseráveis, assassinos, e guardas. Essa enorme diferença de hoje forçada pelo tempo e pelo avanço de algumas coisas específicas, mostra que no fundo as culturas são sim diferentes, porém, uma come carne de vaca e a outra de cachorro. As idiossincrasias estão na falta de escavar trincheiras e procurar preenchê-las. É preciso estudar muito pra se saber pouco.